No dia em que se celebra o Dia Mundial das Doenças Raras, uma equipa de voluntários, liderada pela historiadora Matilde Muocha, levou um grupo de “crianças especiais” a alguns museus de Maputo, que na sua maioria não estão preparados para receber deficientes físicos, visuais e auditivos.
É um facto, os museus da capital de Moçambique não estão devidamente preparados para receber pessoas especiais, o que torna estes espaços “exclusivos” e de memória “particular”.
Contando com ajuda de alguns voluntários, dentre eles amigos, colegas e estudantes do Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC), e da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Matilde Muocha, visitou o Museu dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), o Centro de Documentação Samora Machel (Espaço Xilembene), o Museu Nacional da Moeda (MNM) e a Fortaleza de Maputo.
Exceptuando o Museu dos CFM, onde entre a história das locomotivas em Moçambique, que lembra o colonialismo português, foi visível a frustração, embora já esperada, com os outros museus. Facto é que o Museu Nacional da Moeda (Inaugurado a 15 de Junho de 1981) e o Centro de Documentação Samora Machel não têm rampas, pelo menos, na entrada. Este último, foi o que mais frustrou os voluntários que tiveram um obstáculo de mais de seis degraus de escadaria para aceder o seu interior.
A Fortaleza de Maputo tem uma rampa, uma espécie de tapete vermelho na entrada. Não é possível passar, no caso de deficientes físicos, sem os mínimos constrangimentos. Neste ponto, o Museu dos CFM, a Fortaleza de Maputo e (ainda que com algum esforço) o Museu Nacional da Moeda superam o Centro de Documentação Samora Machel.
O curador Jorge Anselmo, do Museu Nacional da Moeda, reconhece que o local que dá a conhecer a história da Moeda, não é apropriado para receber pessoas especiais. O Museu Nacional da Moeda, segundo este, passa pelo desafio da inclusão, por criar mecanismos para que pessoas com problemas auditivos e visuais possam frequentar o a instituição. “Não temos rampas. É fácil aceder ao primeiro piso. Para as crianças com deficiência visual, é difícil, mas não deixamos de as receber. Elas vem com pessoas que interpretam”, explica.
Entretanto, Jorge Anselmo defende que o Museu é para todos, porque todas as pessoas têm direito à história. “Já tivemos crianças aqui neste museu. Algumas, nós é que convidamos para actividades e ficamos satisfeitos”.
É porque os museus não são inclusivos que a historiadora Matilde Muocha tomou a iniciativa de levar crianças especiais aos museus da cidade de Maputo. “Não há audiovisitas, por exemplo. Não há legendas impressas em Braille, para que as pessoas percebam o sítio em que estão. Eu acredito que o acesso à memória é um direito inalienável”.
Matilde Muocha reconhece que nem todos os museus têm condições para receber deficientes. Mas a historiadora é de opinião que não há mínimos esforços para tal, uma vez que não se tem noção de igualdade. “Ter salas preparadas para audiovisuais nem todos os museus e monumentos históricos podem garantir isso. Acima de tudo, acredito que é a sensibilidade porque existem outras questões que são de investimentos baixíssimos, como por exempo, ter rampas para cadeirantes”.
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